segunda-feira, 11 de julho de 2016

Sorry :( EVERYBODY Hurts


- Ei, tio, me dá uma ajuda pra eu lanchar?


Eu, que estava absorvo com meus pensamentos, de consumo, de problemas (que para mim eram enormes) enquanto me deliciava com meu caprichado hambúrguer, batata fritas (2x) e suco, levantei a cabeça, depois do pedido.

O menino, apenas acenava entre as tábuas da cerca do lugar. Eu, automatizado apenas respondi:

- Não tenho nada!

Como assim? Eu estava comendo. E bem. Com dois celulares na mão. Com meu carro (que quero vender) com apenas 1 ano e meio de uso.  Como assim eu não tenho nada??????? Meu desespero ia aumentando enquanto eu comia, eu ainda comia? O que eu estou fazendo?


Juntei todas as minhas batatas (eram todas, não tinha comido batata alguma da porção extra que pedi), num guardanapo e levei para o menino, que depois de pedir a outras pessoas no estacionamento, acho que brincava (BRINCAVA) com suas mão no ar. Me sentir pior e mais desprezível.

- Ei! chamei ele mostrando as batatas. - Você tá com fome? (sim, eu perguntei isso!)

- Tô tio, tô! Brigado!


Meu Deus. O que estamos (todos nós) fazendo com as crianças? O que estamos deixando de fazer? Os tratamos com a mesma atenção dos animais da rua(nenhum dos dois merecem o que estamos fazendo). Depois precisamos diminuir a idade penal para punir, ELES? Meu Deus!


Voltei e sentei, terminando de comer umas 6 batatas que restavam. Olhava ainda para ele. Devia ter 7/8 anos.

O que eu deixo, deixei de fazer. Sim, procurava uma nota pequena que pudesse dar a ele. Me sentia pior a cada gesto e pensamento.

Chamei ele de novo e dei-lhe R$ 10, 00. DEZ!

- Aqui! Toma!
- Brigado Tio!
- Onde você mora?
- na RUA!
- porque? Cadê sua família?
- Tá lá do lado do rezende.
- Porque?
- A gente morava em sobradinho 2, mas derrubaram a casa, era invasão!
-...... olha, não mexe com droga, nem com bebida! (só pude falar isso)
- Tá tio!

A mão escura de sujeira pegando a nota....minha alma limpa, suja da minha falta de ação. O que estamos fazendo? Saí dali, no meu carro caro, pra minha casa quente!