terça-feira, 26 de maio de 2015

E se?

Era mais um dia chuvoso. Eu nem me lembrava mais do sol. A quanto tempo mesmo ainda faltava para o sol se firmar no horizonte?

Por que eu sempre sentia falta daquilo que não estava mais ali. Hoje o sol, amanhã a chuva, ontem seu sorriso quando te abraçava na cama, de conchinha.


Liguei meu carro. Pra que aquele carro mesmo? Todas aquelas luzes no painel não poderiam iluminar agora meus pensamentos, o ronco e a força daquele motor não poderiam mudar a realidade agora conhecida.

Ao sair da garagem e romper o breu em direção a luz eu me perguntava se seria assim quando abrisse meus olhos lá.


Dirigir automaticamente. Era fácil. Eu não estava no carro, apenas meu corpo. Aquele que dali a um tempo também não estaria ali.


Pensava na noite anterior. Nos olhares sedentos de respostas, de alento. Eu conseguiria fazer algo? sempre me perguntava. Não sei a resposta e nunca soube. Mas sei que sempre pessoas desconhecidas vinham, me chamavam pelo nome e agradeciam. Eu sem graça sempre sorria sem pronunciar uma palavra, talvez por ser tão grato quanto eles,  ou mais confuso que poderia sentir ou pronunciar alguma resposta.




O trânsito já não me importunava como antes. Eu olhava para as pessoas apressadas e perdidas em fantasias de uma pressa sem noção e sem motivo.


O sol. Onde ele andaria aquela hora da manhã? A chuva estava mais forte. E o frio. Mas incrivelmente eu não me importava mais. Olhava para mim pelo espelho do carro e numa melancolia agradecia aquele que me serviu até agora. Pelos momentos em que apesar te toda minha imprudência  ele se manteve forte e me levou até onde conseguiu. Eu estava tranquilo. Era estranho. O celular estava, como sempre, na sua agonia de mensagens como que estas gritassem as angústias, medos e dores daqueles que as escreviam. Minha vida era resumido diariamente a isso? Como chegou a isso? como cheguei?


O percurso transcorreu como toda manhã. Eu é que não reagia da mesma forma. Antes de chegar uma ligação. Era ela. Como sempre sua voz estava, no início da ligação num tom formal. Fazia isso para demonstrar a direção da conversa e a tonalidade e importância. Falou, falou, sua voz saia nervosa a cada palavras pelo som do carro, como se procurasse esvaziar aquilo que dentro dela nunca havia. Eu já entendia tudo e não mais doía cada palavra usada para arrancar de mim uma reação, como se isso, hoje fosse o que precisaria para se sentir viva, amada. Eu só respondia, "UHUM", "tô escutando", "Ta Bom". No fim a ligação cai. Para mim algo normal. Nem a melhor empresa de telefonia aguentaria aquele energia, para ela, mas uma demonstração de um egoísmo sem tamanho. Mas nada disso importava mais. De alguma forma eu sabia.


Logo depois, como que sincronizado há outra ligação. Eu procuro mudar o que sai da minha boca. Não posso transparecer. Estou calmo, e isso não preciso mentir.
- Tá tudo bem?
- Sim. Tudo e você?
- Você anda estranho ultimamente.
- Você acha?
- Anda escondido e diferente. Arredio. Tá acontecendo alguma coisa?
- Não. (minha voz embarga)
- Hum? O que tá acontecendo?
- Nada. vou passar  num ponto onde o sinal caí........(desligo o celular)

Assim chego onde tenho ido nos últimos meses. Lugar nobre. Nobre? O que há disso neste mundo?

Desço. Me identifico na recepção. Já me conhecem. O elevador está concorrido como sempre. Eu não tenho pressa. Olho para as feições da pessoas. Tensas, preocupadas, nenhuma sorrir. Estou de óculos escuros. Ultimamente muita dor de cabeça tem me forçado a usar-los. Isso me dá condição de ficar olhando as pessoas sem que elas percebam.

Chego com 20 minutos de antecedência. Isso era raro antes. Há três pessoas na ante sala. Um senhor que sempre o vejo, uma senhora com sua filha de 14 anos. Além da secretária muito gentil. Há uma música ambiente.



Não tenho pressa. Me permito escutar a música.  Meu nome é chamado à porta entre aberta. Eu não queria entrar. A passos curtos. Não tenho pressa mais.


- Bom dia
-Bom dia.

Aquele olhar me petrifica. Não estou mais tranquilo. De repente, para fugir de todos os paradigmas, escuto uma pergunta.

- O que o Senhor, neste momento gostaria de, ao olhar sua vida para trás ter ou conquistar que hoje analisando não tem.

Aquilo não estava no script. Como assim? O envelope do exame, enviado direto para ele estava aberto na sua frente. Só lia rapidamente as palavras - "pré existente"

Entendi. Tudo. Desde o outro conselho que havia me dado para viver, dessa vez  algo a mais a me surpreender.

- Então? Consegue pensar em algo?

- Sim doutor. Não preciso pensar....


domingo, 17 de maio de 2015

Amor

Por que carregamos tantos sofrimentos?


Vi por teus olhos.

Senti pelo que emitia por mim

Voei.

Vi com outra cor

As mesmas pessoas de maneira diferente

Inebriante, insensato, indolor, compreendi, de tão simples se torna tão especial.


Talvez por isso seja tão doloroso para nós, seres deste planeta, encarnados e desencarnados entendermos o amor.

Nunca havia sentido algo próximo

Você me deu um presente que está mudando minha forma de ver, sentir, degustar a vida.


Até a dor em nosso corpo é bela. Meu Deus. cada parte de cada ser humana naquela sala era especial e uma comprovação de Ti.


Apesar de sentir meu coração pulsar de outra forma e com outro tamanho, meu ser de forma completa emanava amor, por todos meus poros.



Acreditem, é real. Existe. Preenche. Eleva. Cada vez que sentia amor por quem estava sentado a frente mais eu me sentia amado.

Quanto respeito. Tua elevação não precisava ser notada, todos ali só sentiam uma paz.


Vindo de outro lugar, sua vibração tinha um DNA diferente. Irmão das estrelas.

Não consigo traduzir o que foi e tem sido a experiência, as palavras são pobres.

Eu só amo.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Dois.....um.....outro...dois

Mas onde foi mesmo que tudo aconteceu?

Quando foi?

quem de nós dois pode dizer que não

Sim, eu sei o medo....de novo ele, né?

Com outros olhos, vi isso acontecer.....

Vi seus olhos se perderem, sumirem....

Eu lutei com o que eu tinha, na época

Eu chorei o que pude, para época

gritei o que conseguia

argumentei

desesperei

nada
      adiantou

Foi-se
         e com lágrimas
                               me mostrou o ultimo olhar naquele tempo


Isso fixou em mim.

Foram vários olhares
Foram várias lágrimas

Mas nada. Sempre um vazio

Sempre o mesmo silêncio

nada de sorrisos

nada de você.


Por que?

não entendi naquele momento
e neste tão pouco consigo

Dessa vez, eu me ausento.
Talvez ressabiado
Algumas cicatrizes
e muitas esperanças, apensar de tudo......


neste futuro não planejado, mas a tanto imaginado
o avesso se torna o caminho, e o caminho se torna o avesso.

Achei que te traria paz.....


terça-feira, 12 de maio de 2015

Coragem

Sabe, vou te contar uma coisa.

Um tempo atrás ouvi palavras que me diziam mais ou menos assim:

"Vai ter coragem ou não? precisa decidir, qualquer caminho te levará a sorrisos e lágrimas. Um poderá te trazer primeiro um e outro, outro."

Escolhi retrair-me. Encolher-me. Eu fazia isso demais. Achava que se eu deixasse a vida trazer a melhor opção eu, mais tarde não teria o, que para mim era, maior problema, ser acusado e me sentir culpado pelo outro.


Mas nada como um dia atrás do outro e pegadas no meu caminho para receber, estar do outro lado.

Aprendi, algumas coisas diferentes e hoje sei que me atirar de cabeça terá, no resultado final, a mesma consequência de ser cuidadoso para não me machucar na queda. Vou cair de qualquer jeito, então.....


Nunca mencionei aqui, mas já fui deixado, abandonado. Quem nunca? É porque com a minha síndrome de culpado em tudo não abri certas portas onde guardam, a sete chaves, medos de abandono, de ser deixado, de rejeição. É tão forte que já vivenciei emoções, nesta vida, próximas que me desestruturaram completamente.


No passado além da morte ter me tirado alguém que me fora muito importante, fui sumariamente deixado, rejeitado, simplesmente virou-se de costas e foi-se: " Não, não, eu só vim aqui pra te dizer isso: Eu vou embora com ele, eu escolhi ele".  Este é um fragmento que está surgindo na minha tela mental, trazendo, talvez novas imagens desta experiência. Vestido branco, com um chapéu. Estão surgindo.



As vezes o medo nos tira a coragem de agir e assim belas oportunidades. Acho que já me disseram isso também. Sei bem como é isso.

Sabe-se de antemão se vamos nós machucar? Não. Devemos deixar de viver certas experiências? Não.